Eu sou quem?

 

AUTO(PHOTO)GRAFY [EN]

Rosa Alice Branco

I don’t know if I exist, since there is some question whether I think or
not. But it seems that I write. When I write I think of nothing and rarely
do I know what I will write. Even on those rare occasions when I do, what
comes out is never what I thought it would be. My greatest vice is to
write down everything, whether I will eventually be happy to have written it or not.
There is no ontological problem at all: real or virtual, my best friend is
the waste basket.
All this beneath the sun. I wouldn’t be able to live in a city without
sunshine and the sea. I like to teach and do research. From questions from the philosophical realm at times
poems are born which are not indicative of what is fermenting inside me. Everything can be the object of a poem and
every poem is within itself a universe. Sometimes the
reader responds with a gaze of complicity and that is the great encounter.
Through the word to go toward a meeting with someone and invent for this
unknown person a language. I write the way I dance: for better or for
worse I reinvent the steps as I write.

 

AUTO(FOTO)GRAFÍA [PT]

Rosa Alice Branco
Não sei se existo, pelo que há algumas probabilidades de eu pensar ou não.

Mas parece que escrevo. Quando escrevo não penso em nada e raramente sei o que vou escrever. Mesmo nestas raras ocasiões nunca me sai aquilo que pensava saber.

O meu maior vício é escrever tudo o que venha ou não a gostar de ter escrito. E a surpresa de ler o que acabei de escrever mesmo que não goste do que escrevi.

Não há qualquer problema ontológico ou outros: real ou virtual, o meu melhor amigo é o cesto de papéis.

Tudo isto ao sol. Não poderia viver numa cidade sem sol e mar.

Gosto de ensinar, e da carreira de investigação. Das questões de índole filosófica nascem às vezes poemas que nada denotam do que em mim fermenta. Tudo pode ser objecto de poema e o poema tem em si qualquer coisa de fundador. Às vezes o leitor responde com um olhar cúmplice e é este o grande encontro. Dentro da palavra ir ao encontro de alguém e inventar para esse desconhecido uma linguagem. Escrevo como danço: bem ou mal reinvento os passos da escrita.